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Coroação de Pai Olavo como Líṣà Ògbóni marca avanço institucional do culto de Ifá no Brasil

A coroação de Pai Olavo representa um marco para as religiões de matriz africana e a valorização das práticas ancestrais.

Coroação de Pai Olavo como Líṣà Ògbóni marca avanço institucional do culto de Ifá no Brasil - Reprodução Instagram
Coroação de Pai Olavo como Líṣà Ògbóni marca avanço institucional do culto de Ifá no Brasil - Reprodução Instagram

por Mundo Pop

Publicado em 08/05/2025, às 16h35

Em uma cerimônia conduzida por autoridades tradicionais do culto de Ifá, o terapeuta e psicanalista Olavo Augusto — conhecido como Pai Olavo — foi oficialmente coroado como o primeiro Líṣà Ògbóni do Brasil com reconhecimento internacional. O título, conferido sob o nome consagrado de Òlùwò Adésòólá Atinúkólá, representa um marco para as religiões de matriz africana no país e reforça o intercâmbio espiritual com a cultura iorubá.
A coroação, respaldada por lideranças como o Òlùwò (Aràbà) Alàbí Adéwálé Atinúkólá, ocorre em um contexto de crescente valorização das práticas ancestrais africanas e simboliza o fortalecimento institucional do culto Ogboni em território brasileiro. Segundo especialistas, a titulação de Líṣà — que pode ser traduzida como “condutor” ou “guia” — confere ao iniciado não apenas responsabilidades espirituais, mas também um papel estratégico na preservação da liturgia e da ética tradicional.
“Essa não é uma coroa que me pertence, ela nos pertence. É a oportunidade que o brasileiro tem de finalmente tocar no culto verdadeiro de orixá”, declarou Pai Olavo após a cerimônia. A fala resume a dimensão coletiva da conquista, vista como avanço simbólico e prático para lideranças e comunidades religiosas no Brasil.
Mineiro de nascimento e com atuação entre São Paulo e Belo Horizonte, Pai Olavo vem se destacando pela integração entre espiritualidade e escuta terapêutica. Sua abordagem, que combina rigor litúrgico à atenção emocional, tem atraído seguidores de diferentes perfis — muitos deles em busca de pertencimento cultural e equilíbrio interior.
Além da atividade religiosa, o líder também atua na formação de jovens iniciados e no fortalecimento de lideranças comunitárias. Com presença digital consolidada, tornou-se conhecido por defender publicamente os fundamentos tradicionais das religiões africanas. No projeto Café com Exu, série de vídeos que aborda temas como ética, fé e comportamento, propõe reflexões acessíveis e firmemente embasadas na tradição.
— A tradição não precisa se adaptar para ser respeitada. O que praticamos carrega séculos de fundamento, e preservar isso é um compromisso com a verdade ancestral — afirma Pai Olavo, reforçando a importância de manter a integridade dos ensinamentos recebidos.
O novo título, atribuído com chancela internacional, amplia o reconhecimento público das tradições iorubás e marca o amadurecimento de uma expressão religiosa que há séculos resiste à marginalização no Brasil. Para o próprio homenageado, trata-se de uma conquista que extrapola os limites do culto e alcança dimensões históricas e identitárias.
— Chegou a hora de o brasileiro saber que ele também pode. É tempo de reconquista — conclui, em uma fala que sintetiza o sentido profundo do momento: restaurar o elo entre os descendentes da diáspora e suas raízes espirituais.
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